Bazar Bartato, por Antonio Cicero


É excitante a sensação de ter nas mãos um novo livro de Rogério Batalha. Penetro no Bazar Barato em que se expõe o Rio inacreditavelmente familiar e assombroso, concreto e lírico, lúbrico e áspero, solar e sombrio, estagnado e latejante, delicado e sórdido, bruto e sensual, ordinário e fabuloso que Rogério constrói como quem monta um vitral, com cacos impregnados de loucura, memória, amor, imaginação e tesão.Confundem-se os fluidos vitais do meu corpo com os desse Rio realimaginário de megalópole do terceiro mundo em final de milênio, onde o cosmo está em carne viva. Exulto. Graças ao poeta, alguma coisa já não é a mesma na cidade em que vivo.